segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Há Cinco Anos Atrás...

Antes de colocar a mão na massa para montar esse blog (ou site, se preferirem chamar), estive revisitando todas as passagens que valiam a pena contar desde minha infância, quando aprendi a ler acompanhando paralelamente as histórias da Turma da Mônica, até os dias de hoje. Espero um dia ter oportunidade de contar um pouco delas entre um artigo e outro, mas hoje reservei uma em especial. Uma que aconteceu cinco anos atrás, que relata algumas mudanças tanto na minha vida como leitor como também na história dos quadrinhos de uma maneira geral. E ela começa exatamente nas férias de 2002.

Infância de Todos!!



Naquele tempo, eu era praticamente um quartanista na Faculdade, praticamente prestes a encerrar o curso e a coisa que mais devorava nas minhas leituras eram artigos científicos. Não lia praticamente mais nenhum quadrinho. Como leitor, poderia dizer que havia me aposentado pra valer. E tudo, claro, por conta das "Guerras Premiuns".

A denominação é exclusiva minha, não ache que perdeu alguma mini-série especial nas bancas naquele tempo. Estou me referindo às estrondosas mudanças que ocorreram na divisão "Jovem" da Editora Abril no ano 2000. Foi a "Queda" definitiva dos formatinhos no Brasil e a ascensão do Império das "Premiuns". Os mais novos talvez não se recordem, mas quando a Abril anunciou que iria dar um tratamento de luxo aos quadrinhos, tornando-os encadernados e os disponibilizando somente nas melhores bancas ou livrarias, houve o que eu poderia chamar sim de uma "Guerra". Os antigos colecionadores, após fecharem a boca diante das mudanças, puderam analisar os revezes que vinham junto com elas. Da noite pro dia, perderam suas assinaturas, depararam-se com preços astronômicos e conheceram pela primeira vez na história das revistinhas a chamada "Setorização".

Nem de longe tínhamos como armas as comunidades do Orkut e foruns que com tanta facilidade dispomos hoje. Ainda assim, eu e muitos outros lotamos as caixas de e-mail da Abril com todas as mensagens de indignação. Lembro-me de ter enviado três longas mensagens, e a última não ter sido nada educada diante das respostas escorregadias que nos retornavam. Foi quando a própria editora criou o site www.herois.com.br e lá disponibilizou um fórum de quadrinhos que nos serviu de novo campo de batalha, onde muitas vezes entrávamos em discussão direta com o Sr. Figa, meu xará e responsável direto por essas mudanças. Isso, claro, até eles decidirem que era melhor apagar aquilo que eles não queriam ler.

Contudo, aquilo era de fato uma batalha perdida e já dava minha vida como leitor de quadrinhos como perdida. Excetuando-se a Marvel Século 21, que na carência cedi e comecei a comprar, não acompanhava nada mais do velho selo que cresci lendo. Estava muito decepcionado com tudo.

Essa era minha situação naquele último ano de faculdade. Agora, imaginem minha cara quando eu me deparo justamente com velhas caras conhecidas em novas revistas num belo dia. O Homem Aranha, os X-men e o Demolidor estavam nas bancas com selo de uma nova editora chamada Panini Comics. Folheei cada uma delas bem curioso e comprei duas: A Marvel Millenium que substituía a minha Marvel século 21 e a X-men Extra.

Panini em 2002



As duas continham uma carta de apresentação do Marco M. Lupoi - um nome novo e totalmente desconhecido pra mim que estava tão familiarizado com os nomes do Cláudio Carina, Marco Moretti e Mário Barroso. E, na hora, me lembro de ter me perguntado "que diabos esse cara entende de quadrinhos?"

Bom, minha segunda curiosidade eu matei ao chegar em casa e acessar o "fórum Heróis" depois de um bom tempo. Lá, ainda estava o Figa, revoltadíssimo, praguejando para todos os lados que "Eles não sabiam o que faziam", "Que sem eles, não ia dar certo" e que "Iam triplicar o material da DC para tomar o mercado". Eu acho que passei umas duas horas sorrindo na frente da tela do micro e lendo com muito gosto toda a história registrada em sites sobre o que levou a Abril a perder seu contrato com a Marvel, mediada pela própria Panini italiana. De certa forma, não fomos só nós, leitores, que saímos derrotados completamente. E isso parecia somente a primeira parte do barco afundando. Não demorou muito tempo e a editora também perdeu seus direitos sobre a DC comics.

A editora Abril tornou-se passado e uma nova era nas histórias em quadrinhos iniciava-se naquele ano. Tudo começou com seis revistas mensais e não setorizadas - X-Men, X-men Extra, Marvel Millenium: Homem Aranha, Paladinos Marvel e Marvel 2002. Todas custando entre os valores de 6,90 a 4,50 - que por sinal, algumas delas mantêm até hoje. Estava tentado a começar tudo de novo, mas desde que parei diante de toda aquela confusão, acabei perdendo um pouco o gosto por aquele vício. E, claro, as histórias daquela fase também não ajudavam muito. Quando voltei à banca depois de um mês, estava decidido a só levar a nova Marvel Millenium e me isolar naquele novo "Ultiverso". E assim foi em boa parte dos últimos anos.

Panini em 2003



Do outro lado dessa história, a Editora Panini não cedeu às pragas ditas pela sua rival e lutou com toda a sua inexperiência no até então desconhecido mercado nacional com muita gente nova, mas disposta a fazer tudo aquilo crescer. Assim, no meio daquele ano, uma nova revista mensal chamada "Marvel Apresenta" surgia juntamente com aquelas seis primeiras. E no ano seguinte, já tínhamos nas bancas umas edições mais populares que substituíam a Paladinos Marvel - Quarteto Fantástico & Capitão Marvel, Justiceiro & Elektra, Hulk & Demolidor, juntamente com outros materiais no mesmo formato econômico.

Mesmo diante de alguns fatídicos cancelamentos, a Editora voltava sempre a investir e lutar para que novos títulos continuassem nas bancas. Assim, no lugar de alguns títulos cancelados, entraram Hulk, Demolidor, Marvel Max, Arma X e Poderosos Vingadores, além, é claro, de inúmeras mini-séries excelentes que apareciam nas bancas. E foi por intermédio dessas mini-séries que fui cada vez mais me aproximando daquele mundo familiar.

Panini ao longo do tempo...



No começo de 2005, decidi que deveria dar uma chance mais uma vez às histórias e reli o máximo que podia da cronologia regular, que hoje já chamamos tão popularmente de Universo Marvel 616. Procurei um novo norte nas histórias dos Vingadores para recomeçar a colecionar os gibis e expandi meus gastos ao triplo com esse novo material. Eu estava mais uma vez nesse velho novo mundo.

Bom, foi essa a melhor maneira que achei para falar um pouco da história da Panini no Brasil, que nesse ano de 2007 completa cinco anos com a Casa das Idéias em terras tupiniquins. Certamente uma história ainda curta comparada a editora anterior, mas que vem trilhando uma estrada cada vez mais promissora neste país.

Coveiro

Post-Scriptium: Bem, os parabéns de hoje não devem se resumir apenas a Editora Panini. Como anunciado desde o primeiro volume, parte de tudo que é feito deve-se ao pessoal da Mythos e aqui vai também as congratulações de todo o pessoal da 616 para todos da produção, ao Hélcio de Carvalho e, claro, ao nosso sempre presente e Editor Marvel Aniversariando Lopes, que completa uns... hã... 61 anos neste dia oito de Janeiro!! Parabéns, Fernando!!!

comments powered by Disqus