terça-feira, 5 de junho de 2007

Wolverine: Salvando um país "sozinho"


Wolverine na floresta de Zwartheid

Desde o crossover entre X-Men e o Pantera Negra, no qual começamos a saber do passado em comum de Tempestade e o rei de Wakanda, este último e os mutantes vêm mantendo contatos freqüentes. Além da própria Ororo, que desde um pouco antes de Dinastia M está na África, Wolverine também anda pelo continente fazendo companhia a sua amiga. Porém, em Wolverine 30, damos uma parada nas histórias em que Logan desvenda mais do seu passado para acompanharmos uma história fechada, na qual ele faz um favor a T’Challa.

A missão de Wolverine é resgatar a filha do presidente da fictícia República Livre de Zwartheid, chamado Mayamba. Pouco antes de Logan pegar a menina, seu pai tinha sido assassinado por ordem de seu principal inimigo, o general Lago. Cabe agora ao mutante sair do país com a única herdeira do falecido chefe de Estado, esperança do futuro do país.

Essa história, que tem roteiros de Stuart Moore e (belíssima) arte de CP Smith, é interessante porque toca em um assunto delicado. A situação atual da maioria dos países da África. Com boa parte do território africano conquistado no fim do século XIX e início do XX, no processo que ficou conhecido como imperialismo ou neocolonialismo, o continente sofreu uma profunda exploração do crescente capitalismo industrial europeu e norte-americano sob o pretexto da superioridade cultural destes sobre os povos nativos.

Logan pega a encomenda

A condição na qual a maioria dos países foi deixada após a Primeira e, principalmente, a Segunda Guerra é caótica. Desestruturadas econômica e politicamente (especialmente porque as fronteiras demarcadas ignoravam o passado e colocavam nos mesmos países povos com rivalidades históricas), a maioria das nações africanas se tornaram focos de doenças (atualmente a epidemia mais grave é a de AIDS) e campos de batalha para intermináveis guerras civis entre facções dissidentes promovidas por armas vendidas, principalmente, pelos EUA, ou por contrabandistas para os quais se faz "vista grossa" (uma boa dica aqui é o filme Senhor das Armas, com Nicholas Cage). As atividades criminosas praticadas às custas da população civil são numerosas.

Voltando ao roteiro, cabe a Wolverine resgatar a filha recém-nascida de Mayamba, único que conseguiu iniciar um processo de pacificação e reestruturação do Zwartheid, considerada a nação africana em pior situação, mas que fora interrompido pelo general Lago. Salvando a menina acreditam que no futuro ela possa voltar carregando o nome do pai, sendo capaz de organizar uma liderança para reerguer o país.

Enfrentando adversidades

Para atingir seu objetivo Logan acaba passando por diversas situações que acabam ilustrando muitas das mazelas que o continente todo vem passando nas últimas décadas. Destaco a forma curiosa como ele se livra de problemas ao convencer algumas pessoas de que não é americano, mas canadense, um grupo de homens mutilados (mas que são obrigados a lutarem mesmo assim) que acabam enfrentando-no, terminando com uma cena que abusa do fator de cura do mutante, mas que promove um efeito visual muito bacana. O paralelo entre o provérbio liberiano dos elefantes e da grama acaba representando muito bem quem realmente é afetado pela guerra.

Saída impactante

A revista Wolverine da Panini agora dá uma parada na publicação da Wolverine gringa (que só volta na ligação com Guerra Civil) e passa a publicar, a partir do número 31 em junho, Wolverine Origins: desdobramento do arco Origens e Destinos, de que já falamos no blog. Com roteiros de Daniel Way e desenhos de Steve Dillon (mesma dupla da mini-série Justiceiro vs Mercenário), o mutante ganha uma nova mensal exclusiva para os segredos do seu passado. E quando voltarem as histórias de sua mensal principal, Wolverine deverá escolher de que lado estará.


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